- Renata, dá essa mochila, essa boneca, esse urso, esse qualquer coisa para os seus primos que depois eu te dou outro. Minha mãe costumava dizer isso quando eu era pequena. Ela falava que nós tínhamos sorte porque podíamos comprar outro, mas esse dia nunca chegava e as prioridades sempre tornavam-se outras.
Na escola, na aula de educação física, ficava eu lá aguardando para ser escolhida pelos grupos e perguntando a mim mesma: quando será a minha vez? Sempre era uma das últimas a ser escolhida. Também na escola, mas na sala de aula, era uma das últimas a ser escolhida para os grupos de trabalho. Sempre me ferrava porque os professores me colocavam no grupo dos meninos bagunceiros e que não gostavam de estudar. Eu acabava fazendo o trabalho todo sozinha.
Na adolescência, enquanto as minhas amigas comentavam sobre como tinha sido o fim-de-semana com os namorados, eu ficava perguntando para mim mesma: quando será a minha vez? O pior é que eu ainda tinha que disfarçar um pouco para elas não rirem da minha cara. Eu não podia falar que nunca tinha beijado na boca (meu primeiro beijo foi aos 14 anos e meio e com essa idade, algumas amigas minhas já tinham feito até sexo!)
Foi bem complicado ser adolescente. Deve ter sido por isso que resolvi me dedicar a um dos meus grandes sonhos: ser jornalista. Abdiquei de tudo: de sair à noite, dos namoradinhos (dá para acreditar que passei o ensino médio todo sem beijar na boca? Só eu mesma!). Só estudava. Cheguei ao terceiro ano com 98 kg e a auto-estima no pé. As meninas da minha sala eram vaidosas, tinham roupas de marca (ah, esqueci de mencionar que eu consegui uma bolsa de estudos no grafite, que era um dos melhores colégios da época), iam de carro para a escola etc. Enquanto isso, lá estava eu com uma calça jeans surrada e com a bainha desmanchada, senão ficava curta, com a blusa do uniforme, com um tênis e com rabo de cavalo no cabelo. E continuava a perguntar: quando será a minha vez?
O ensino médio acabou, eu passei para uma universidade federal e não pude ir (falta de dinheiro é um problema). Acabei ficando em friburgo mesmo e fiz a faculdade aqui. Voltar para a sala de aula estando na faculdade foi mais fácil. As pessoas eram mais maduras e eu também estava crescendo. Ficava todas as tardes na rádio da faculdade para aprender. Depois de 8 meses nessa rotina, passei para o estágio na tv serramar. Pensei, agora chegou a minha vez, mas, infelizmente, meu pensamento foi precipitado.
Na tv, pude aprender bastante e aproveitar tudo o que me foi ensinado. Mas fora de lá havia um problema. Eu não sei se era do grupo de amigos com eu estava ou se era com todo mundo, mas eles só falavam em sexo. Quando eu revelei para eles que com 18, 19 anos eu ainda era virgem foi uma bomba. Surgiram várias teorias, até a de que eu tinha feito promessa para casar virgem. Só se esqueceram de pensar no óbvio: eu ainda não tinha estado com alguém com quem eu quisesse ir para a cama.
Essa polêmica ficou por muito tempo. E isso me abalava muito. De novo, eu perguntava: quando será a minha vez? Confesso que demorou. Perder a virgindade com quase 22 anos é demais para qualquer um, mas não foi para mim. Ta certo que eu já não agüentava mais todo mundo no meu ouvido e também tinham os sinais que vinham do meu corpo, mas foi na hora certa e com a pessoa certa.
O mais engraçado é que isso só foi acontecer no final da faculdade, quando eu já não tinha que me dedicar aos estudos. E o mais engraçado ainda é que eu nunca fiquei com ninguém nem no colégio e nem na faculdade.
Mas como tudo na vida passa, esse meu relacionamento também passou. Depois vieram outros, curtíssimos e sem tanto envolvimento. Tenho que confessar uma coisa: namorado mesmo, eu nunca tive. Tive alguns ficantes demorados, mas não namorados (eu acho que os homens têm medo do meu tamanho). Quando eu via alguns meninos me procurarem para ajuda-los a namorar amigas minhas, eu perguntava: quando será a minha vez? Alguns desses namoros deram até em casamento. O último aconteceu há poucos meses, o da minha amiga Renata. Ter de lidar com o fato de que eu nunca tinha tido um namorado não bastava. Tinha que lidar também com a família cobrando. Na época, a única da família que estava solteira era eu. Minha tia chegou a me dar 02 santo antônios e nada (eu acho que o santo promove casamentos e não milagres)
Por causa disso, eu acho que eu já tentei de tudo. Eu já fiquei com homens mais novos, mais velhos e muito mais velhos. Para se ter uma idéia, eu já tive um relacionamento com um cara 23 anos e 2 meses mais velho que eu. Quando ficamos, ele tinha mais que o dobro da minha idade, mas eu não me importava nem um pouco com isso.
Agora estou com 24 anos e oito meses. E continuo a me perguntar quando será a minha vez. Estou desempregada. Não posso dizer que estou sem namorado. Aliás, posso sim. O que tenho é um ficante fixo. Dessa parte, por enquanto, não posso reclamar (só não vale perguntar quando vou casar, ter filhos etc. já avisei a família toda que serei a última a casar).
Estou feliz de um lado, mas muito triste de outro. O “quando será a minha vez?” me acompanha desde que nasci. Quando decidi ser jornalista, aos 5 anos, falava que iria fazer faculdade, pós-graduação, mestrado, doutorado, phd, cursos e mais cursos. Dizia ainda que iria trabalhar muito. Bem que eu gostaria, mas...
Na atual conjuntura dos fatos, é torcer para que a minha vez chegue porque senão eu vou ficar com trauma dessa pergunta. Acredito que não esteja pedindo muito e acredito ainda nas relações de causa-conseqüência. Por exemplo, quando você dá carinho, a tendência é de que receba carinho também. Quando se quer trabalhar, a tendência é de que se tenha trabalho. E assim vai... infelizmente, não é assim. Enquanto isso, eu fico por aqui. ]
E plagiando mais uma vez a minha amiga Jhenfini: “troço brabo”!!!!
Na escola, na aula de educação física, ficava eu lá aguardando para ser escolhida pelos grupos e perguntando a mim mesma: quando será a minha vez? Sempre era uma das últimas a ser escolhida. Também na escola, mas na sala de aula, era uma das últimas a ser escolhida para os grupos de trabalho. Sempre me ferrava porque os professores me colocavam no grupo dos meninos bagunceiros e que não gostavam de estudar. Eu acabava fazendo o trabalho todo sozinha.
Na adolescência, enquanto as minhas amigas comentavam sobre como tinha sido o fim-de-semana com os namorados, eu ficava perguntando para mim mesma: quando será a minha vez? O pior é que eu ainda tinha que disfarçar um pouco para elas não rirem da minha cara. Eu não podia falar que nunca tinha beijado na boca (meu primeiro beijo foi aos 14 anos e meio e com essa idade, algumas amigas minhas já tinham feito até sexo!)
Foi bem complicado ser adolescente. Deve ter sido por isso que resolvi me dedicar a um dos meus grandes sonhos: ser jornalista. Abdiquei de tudo: de sair à noite, dos namoradinhos (dá para acreditar que passei o ensino médio todo sem beijar na boca? Só eu mesma!). Só estudava. Cheguei ao terceiro ano com 98 kg e a auto-estima no pé. As meninas da minha sala eram vaidosas, tinham roupas de marca (ah, esqueci de mencionar que eu consegui uma bolsa de estudos no grafite, que era um dos melhores colégios da época), iam de carro para a escola etc. Enquanto isso, lá estava eu com uma calça jeans surrada e com a bainha desmanchada, senão ficava curta, com a blusa do uniforme, com um tênis e com rabo de cavalo no cabelo. E continuava a perguntar: quando será a minha vez?
O ensino médio acabou, eu passei para uma universidade federal e não pude ir (falta de dinheiro é um problema). Acabei ficando em friburgo mesmo e fiz a faculdade aqui. Voltar para a sala de aula estando na faculdade foi mais fácil. As pessoas eram mais maduras e eu também estava crescendo. Ficava todas as tardes na rádio da faculdade para aprender. Depois de 8 meses nessa rotina, passei para o estágio na tv serramar. Pensei, agora chegou a minha vez, mas, infelizmente, meu pensamento foi precipitado.
Na tv, pude aprender bastante e aproveitar tudo o que me foi ensinado. Mas fora de lá havia um problema. Eu não sei se era do grupo de amigos com eu estava ou se era com todo mundo, mas eles só falavam em sexo. Quando eu revelei para eles que com 18, 19 anos eu ainda era virgem foi uma bomba. Surgiram várias teorias, até a de que eu tinha feito promessa para casar virgem. Só se esqueceram de pensar no óbvio: eu ainda não tinha estado com alguém com quem eu quisesse ir para a cama.
Essa polêmica ficou por muito tempo. E isso me abalava muito. De novo, eu perguntava: quando será a minha vez? Confesso que demorou. Perder a virgindade com quase 22 anos é demais para qualquer um, mas não foi para mim. Ta certo que eu já não agüentava mais todo mundo no meu ouvido e também tinham os sinais que vinham do meu corpo, mas foi na hora certa e com a pessoa certa.
O mais engraçado é que isso só foi acontecer no final da faculdade, quando eu já não tinha que me dedicar aos estudos. E o mais engraçado ainda é que eu nunca fiquei com ninguém nem no colégio e nem na faculdade.
Mas como tudo na vida passa, esse meu relacionamento também passou. Depois vieram outros, curtíssimos e sem tanto envolvimento. Tenho que confessar uma coisa: namorado mesmo, eu nunca tive. Tive alguns ficantes demorados, mas não namorados (eu acho que os homens têm medo do meu tamanho). Quando eu via alguns meninos me procurarem para ajuda-los a namorar amigas minhas, eu perguntava: quando será a minha vez? Alguns desses namoros deram até em casamento. O último aconteceu há poucos meses, o da minha amiga Renata. Ter de lidar com o fato de que eu nunca tinha tido um namorado não bastava. Tinha que lidar também com a família cobrando. Na época, a única da família que estava solteira era eu. Minha tia chegou a me dar 02 santo antônios e nada (eu acho que o santo promove casamentos e não milagres)
Por causa disso, eu acho que eu já tentei de tudo. Eu já fiquei com homens mais novos, mais velhos e muito mais velhos. Para se ter uma idéia, eu já tive um relacionamento com um cara 23 anos e 2 meses mais velho que eu. Quando ficamos, ele tinha mais que o dobro da minha idade, mas eu não me importava nem um pouco com isso.
Agora estou com 24 anos e oito meses. E continuo a me perguntar quando será a minha vez. Estou desempregada. Não posso dizer que estou sem namorado. Aliás, posso sim. O que tenho é um ficante fixo. Dessa parte, por enquanto, não posso reclamar (só não vale perguntar quando vou casar, ter filhos etc. já avisei a família toda que serei a última a casar).
Estou feliz de um lado, mas muito triste de outro. O “quando será a minha vez?” me acompanha desde que nasci. Quando decidi ser jornalista, aos 5 anos, falava que iria fazer faculdade, pós-graduação, mestrado, doutorado, phd, cursos e mais cursos. Dizia ainda que iria trabalhar muito. Bem que eu gostaria, mas...
Na atual conjuntura dos fatos, é torcer para que a minha vez chegue porque senão eu vou ficar com trauma dessa pergunta. Acredito que não esteja pedindo muito e acredito ainda nas relações de causa-conseqüência. Por exemplo, quando você dá carinho, a tendência é de que receba carinho também. Quando se quer trabalhar, a tendência é de que se tenha trabalho. E assim vai... infelizmente, não é assim. Enquanto isso, eu fico por aqui. ]
E plagiando mais uma vez a minha amiga Jhenfini: “troço brabo”!!!!
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